Sabe o que é uma mordida cruzada?

Vamos começar por fazer uma analogia: para fechar uma caixa de sapatos, a tampa tem de ser maior para poder encaixar por fora. Se pensarmos nesta regra para os nossos dentes facilmente descobriremos as situações em que isso está invertido e a que chamamos mordida cruzada.

O que é?

Chamamos mordida cruzada à situação em que os dentes superiores, ao fechar a boca tocam por dentro dos inferiores ao contrário do que seria desejado. Isto pode acontecer só de um lado dos maxilares e chamar-se unilateral, ou instalar-se em ambos os lados e nesse caso, bilateral. Quando os incisivos inferiores fecham por fora dos superiores, chamamos mordida cruzada anterior. Há ainda situações mais graves, mas também menos frequentes,  em que encontramos mordidas cruzadas completas.

Quais são as causas?

As causas para esse desalinhamento poderão ser várias: respiração oral, uso prolongado de chucha ou dedo, factores genéticos e de crescimento ósseo e até mastigação viciosa sempre para o mesmo lado. A partir do momento em que a dentição cruza, existe um bloqueio para o equilíbrio da mastigação e  estabelece-se um padrão desfavorável cuja consequência  será um crescimento ósseo assimétrico.

Como tratar?

Mas não queremos que desespere, porque o tratamento é bastante simples se for começado cedo. A partir do momento em que a criança tem a dentição de leite completa deve procurar a opinião de um dentista.  Se esse dentista tiver conhecimentos de OFM (ortopedia funcional dos maxilares) terá uma ferramenta extra para poder começar imediatamente o tratamento, pois poderá confeccionar um aparelho removível que em poucos meses resolve o problema de uma forma confortável, evitando as disjunções e expansões mais dolorosas a partir da adolescência.

Hoje em dia é muito comum esta condição ser diagnosticada pelo Terapeuta da Fala, que é um profissional habilitado e fundamental na prevenção e tratamento das más-oclusões. O seu trabalho fica por vezes limitado quando encontra uma condição estrutural desta natureza que pode ser concomitante com um palato ogival e a consequente falta de espaço para a língua poder articular os fonemas. É fundamental que o terapeuta esteja integrado numa equipa multidisciplinar pois irá precisar certamente do apoio de um dentista e talvez de um otorrinolaringologista.

 

PORQUE A PASTILHA ELÁSTICA NÃO DEVE SER USADA E NÃO É UM BENEFÍCIO PARA A MASTIGAÇÃO

Irá ouvir frequentemente algumas razões para utilizar pastilha elástica (sem açúcar) se não puder escovar os dentes após uma refeição. Existem algumas explicações para aquilo que poderia ser considerado como benefício:

  • a mastigação estimula a produção de saliva que é a principal responsável pelo equilíbrio do pH oral, combatendo o mau-hálito;
  • o efeito pegajoso da pastilha colabora na remoção de alguns resíduos alimentares e também bactérias;
  • o adoçante utilizado, o xilitol, é anti-cáries pois não serve de alimento às bactérias nocivas da boca, ao contrário dos outros açúcares.
  • por vezes, é utilizada pelos terapeutas mio-funcionais para exercitar musculatura hipotónica.

Porquê afirmar então, que as pastilhas elásticas não devem ser usadas?

Quando mastigamos um “alimento” com estas características de viscosidade e densidade, produzimos um desequilíbrio nos Maxilares e na Articulação Temporo-Mandibular. Ao tentar processar um elemento que não se desfaz, os nossos músculos mastigatórios produzem energia mecânica excessiva e aumentam cada vez mais a sua tonicidade. Na prática, é como levar esses músculos ao ginásio. Se constantemente sobrecarregados, será muito mais difícil manter o equilíbrio do sistema, podendo este fenómeno resultar em bruxismo, ranger de dentes, desgastes no esmalte ou mesmo fracturas, assim como dores musculares, de cabeça ou de dentes. Por isso, em vez de aliviar o stress, o que sucede é que carregamos o sistema com mais energia, que ele acumula em vez de dissipar, potenciando os efeitos negativos. 

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