Tratar as crianças é, para muitos dentistas, uma experiência muito stressante. Ter que lidar com os pais difíceis pode ser ainda mais. É por isso que o Dr. Michael Young escreveu um folheto informativo, Dentisteria para crianças – guia dos pais, para os pais das crianças na sua clínica. Essa foi a forma de dar aos pais todas as informações que queria que eles tivessem sobre como os seus funcionários e ele cuidariam e tratariam os seus filhos. Os pais receberam com elogios esta brochura, pela sua utilidade.
Na nossa prática clínica queremos também promover a máxima transparência no manejo de conduta e tratamento dos mais novos. Gostaríamos de disponibilizar alguns conselhos prévios aos pais mais interessados, tendo para isso contactado o Dr. Young e obtido a respectiva autorização para publicar alguns dos seus textos, por nos revermos nos seus ensinamentos.
O foco deste livro Dentisteria para crianças – guia dos pais está sobretudo na comunicação, comunicação entre o dentista e a criança, os pais e a criança (no contexto do atendimento dentário da criança), e os pais e o dentista. Este “triângulo” é a chave para desenvolver um bom relacionamento entre as três partes.
Porque é que eu devo levar o meu filho ao dentista? Mas se os dentes de leite vão cair, para quê tratar?
As principais funções dos dentes de leite são:
a) mastigar os alimentos, etapa importante para facilitar a digestão;
b) auxiliar no crescimento e desenvolvimento adequado dos ossos e músculos da face;
c) ajudar na pronúncia correcta das palavras;
d) contribuir para a melhor aparência da criança, permitindo um belo sorriso, o que poderá influenciar sua auto-estima;
e) guardar o espaço para os dentes permanentes que irão substituí-los no futuro, direccionando-os para que nasçam em posição adequada.
A saúde geral do seu filho pode sofrer se os dentes estiverem doentes ou partidos e não forem tratados a tempo. A perda precoce de dentes de leite por causa da cárie pode levar a problemas de apinhamento, que podem, posteriormente, exigir um tratamento prolongado.
Por isso, é imprescindível que os cuidados com a dentição sejam iniciados o mais precocemente, ou seja, a partir da erupção do primeiro dente, o que ocorre entre os 6 e os 8 meses de idade. Aos três anos de idade, a criança já terá todos os dentes de leite.
Com que idade o meu filho deve ter a sua primeira consulta no dentista?
Idealmente, as crianças devem ser levadas à consulta quando tiverem alguns meses de idade. Isso ajuda-os a que se habituem com as visões, sons e cheiros de um consultório desde a mais tenra idade. O dentista examinará sua boca (antes mesmo que os dentes tenham irrompido) e verificará se tudo se está a desenvolver normalmente. O seu filho já deverá ter tido a sua primeira visita ao dentista aquando do primeiro aniversário. A experiência tem demonstrado que as crianças que visitam regularmente a prática desde cedo desenvolvem uma atitude muito positiva em relação às futuras consultas, ao longo da sua vida.
O que devo dizer ao meu filho sobre o dentista?
O conhecimento do seu filho é baseado no que ele experimentou por si e no que foi dito por outros. Você deve sempre conversar com seu filho sobre a visita de uma maneira positiva, usando palavras que ele possa entender.
Se os pais têm memórias desagradáveis das suas próprias experiências, então devem esforçar-se muito para não assustar a criança exibindo os seus medos. E caso não saibam exactamente o que o dentista pretende fazer na consulta do seu filho, então não devem inventar cenários ou fazer promessas. Enganar a criança irá minar a sua confiança quer nos pais quer no dentista.
É nossa política, que palavras com conotação negativa como “doer”, “arrancar”, “injecção” e “furar” não sejam usadas ao alcance dos ouvidos das crianças. Gostaríamos de vos encorajar a não usar essas palavras dentro da clínica nem quando conversarem com o vosso filho sobre o dentista.
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